Ars Gratia Arts, A arte é o prêmio da arte
Assim assimilei, desde muito jovem, quando aprendi latim no Colégio São Luis e ainda adolescente estimulado pelo deslumbramento da sétima arte, frequentar os grandiosos cinemas, salas verdadeiramente suntuosas, nas décadas de 50 e 60 que as empresas exibidoras construiram na Cidade, consideradas as melhores da América Latina e classificada entre as 5 primeiras do mundo.
Conheci a suntuosidade do Cinema, como arte e deslumbramento no Cine América-Consolação, localizado , entre as ruas Cel. José Euzébio e Maceió. espaço hoje ocupado por uma Igreja, mas anteriormente, por muitos anos, pela TVRecord e Teatro Record, onde os fabulosos Shows do Dia 7, O Fino da Bossa, A Famíla Trapo, Programa Hebe e a Jovem Guarda receberam consagração do público e artística. O Cine Ritz-Consolação, que ocupava o mesmo espaço do atual Belas Artes
Desde logo vi também o poder da indústria cinematográfica em promover a paz e a fraternidade entre os povos e contribuindo para o ânimo e amor próprio à milhares de pessoas em todo o mundo. Vivi também as tragédias anunciadas promovidas pelos desmandos dos líderes mundiais, fanatismo e ignorância resultando em milhões de vítimas. Por conta deste periodo de angústia, vivido no cerne da segunda guerra mundial, por exemplo, o ingresso para um cinema em São Paulo, durante muitas semanas , era a entrega, na catraca, de um pedaço de borracha, quanto mais melhor, produto que desapareceu completamente na cidade e no país. Assisti e acompanhei dezenas de crianças, procurando nos terrenos baldios que naquela época eram muitos, artefatos e pedaços de borracha e bolas de futebol, garantindo assim o seus ingressos, nas sessões duplas de meio da semana, no sábado e domingo
E as grandiosas salas, inauguradas seguidamente, o suntuoso Cine Marrocos, considerado uma das 3 melhores salas do mundo de propriedade do Grupo Lucílio Calió Cerávolo, associado ao Rotary Club de São Paulo que presidiu a campanha para a confecção e instalação dos sinos da Catedral da Sé, empreitada à qual dedicaram-se ativamente também, José Ermírio de Mores e Adalberto Bueno Neto, em cuja gestão, na Governadoria do então Distrito 119, teve início essa campanha em parceira com a Arqudiocese de São Paulo o Cardeal D.Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta (terceiro arcebispo, 1944 a 1964), cujos carrilhões foram abençoados no dia 6 de janeiro de 1959; Cines Metro, o Jussara, exibindo filmes francêses, o Broadway, com filmes mexicanos que permaneciam por meses em exibição. O Cine Regina inaugurado com este nome pela Exibidora Hawai para homenagear uma das filhas dos seus proprietários, Hermengildo Lopes Antunes, associado ao Rotary-Jardim América e seu sócio Manoel Marques Gregório, Presidente da Portugûesa de Desportes e o empresário e jornalista Paulo Chedid, Govermador do Distrito 4430 em 1995-96. O República, o maior da Cidade e o Comodoro, perto do Hotel homônimo, propriedade do rotariano e empresário da noite que exerceu a Secretaria de Cultura do Município com gestão histórica, Paulo Henrique Meimberg, o "Rei da Duque", que iniciou o Cinemacospe, Três Dimensões com óculos ou sem óculos. Tempo em que a pipoca ficava fora das salas e o silêncio era condição sine-qua-non.
Tive o impulsode lembrar esse tempo de lutas e sonhos, como a vida, mantendo ainda na retina os filmes musicais, dezenas memoráveis como Cantando na Chuva com Gene Kelly e Debbie Reynolds. Relembrar Gingers Rogers, Fred Astaire, Cyd Charisse. Outros filmes inesquecíveis, deste gênero musical, Sinfonia de Paris, Os Três Mosqueteiros, Marujos do Amor e as coreografias de Ziegfred Follies, exibindo-se também nas salas de cinemas de todos os bairros, alguns deles maravilhosos tal qual os do centro da Capital.
Há cerca de 10 dias, não havia sido informado sobre a possibilidade do recém lançado La La Land, estar entre os favoritos para o Oscar deste ano e que já havia ganho Globo de Ouro. Entrei estimulado pela sinopse que tomei conhecimento na hora por tratar-se de um filme musical. O instinto e a minha vida de cinéfilo percebeu logo no início da projeção que a produção, interpretação, roteiro, as músicas, o cenário, a beleza plástica, exibiam uma produção histórica, como realmente considero.
A arte é uma só, suas manifetações são infinitas, por isso reconheço a façanha dos Produtores e Diretores Bert Lipton, Gary Gilbert e Fred Bergver.A protagonista é maravilhosa, Emma Stone, é Mia Dolan, Ryan Gosling é Sebastian Wilder, contando ainda com Rosemarie Dewit, Ana Chazelle e John Legen. Agora, passado o furor inicial, continuo empolgado. Pretendo rever, como fiz em outras oportunidades, sobretudo quando atuava o maior ator coadjuvante de todos os tempos. Everet Sloane, que nunca ganhou um Oscar, tão importante na história do cinema que os maiores diretores do mundo, na Europa, na Ásia e na América jamais o esquecerão.Cogito agora lembrar o deslumbrante Gunga Din, com Gary Grant, Douglas Fairbanks Jr. e Victor Mclaglen e Reginaldo Sheffield, vivendo o Gunga Din personagem que mostrava em um aquífero, o nativo que docemente levava um alforge, às costas, para saciar a sede dos seus algozes que saqueavam e violentavam o seu povo. Qualquer semelhança com os fatos de nossos tempos...
Aplausos para o meritório e grandioso La La Land
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